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SIDNEI ROCHA ANUNCIA: FUGIRÁ DOS DEBATES

COMÉRCIO DA FRANCA (8/8/2008)

O prefeito Sidnei Rocha (PSDB), candidato à reeleição, não vai participar dos debates promovidos em Franca e região. A fuga ao confronto face a face com os concorrentes foi anunciada, ontem, por meio de comunicado oficial distribuído pela coligação “Somos Todos Franca”, formada por dez partidos. A decisão não surpreendeu os demais candidatos à Prefeitura que fizeram críticas severas ao tucano. “Ele se sente o rei, o dono da cidade”, disse Jorge Martins (PSol).

O documento, assinado pelo coordenador da coligação José Marcos Figueiredo Bertelli, diz que Sidnei Rocha “estará sempre disposto a debater, a discutir, a buscar caminhos para o constante crescimento e a melhoria da vida da nossa população”. Mais. Atesta que o “candidato participará de quantos debates forem programados pelos órgãos de comunicação”, mas não demora a revelar sua real intenção.

“Desde que sejam com repórteres (...) e com questionamentos da população”, diz excluindo os debates que contam com perguntas diretas de candidato para candidato. Ou seja, todos os programados até agora. Para Sidnei Rocha, a tradicional fórmula “pinga-fogo” - seguida em nível nacional e mesmo nas eleições para presidente dos Estados Unidos - com candidatos perguntando para candidatos não seria a correta. “O modelo ressalta o interesse eleitoreiro”.

A postura é diferente da adotada na última segunda-feira quando o próprio Bertelli elogiou as regras do debate que será promovido pelo Grupo Corrêa Neves. “(as regras) Foram muito bem detalhadas, pormenorizadas e com algumas inovações. Acredito que o debate vai levar ao conhecimento do eleitor as necessidades para sua decisão.

Até o momento, nada contra a presença dele. (Sidnei) Estará presente”. O mesmo Bertelli foi quem levou em mãos o comunicado avisando a desistência do tucano ao Grupo Corrêa Neves, à TV Record e à EPTV, empresas que haviam anunciado debates com os candidatos a prefeito em Franca.

A decisão de Sidnei não surpreende. Na dianteira em todas as pesquisas eleitorais realizadas até agora, o tucano tem o conforto do apoio popular. Pesquisa de intenção de votos do Instituto Datalink, divulgada pelo Comércio da Franca dia 1º de junho, mostrou que o prefeito tem, no mínimo 41,2% dos votos na cidade.

Na ocasião, no entanto, os partidos ainda não haviam oficializado seus candidatos. Por isso, Tito Flávio (PCB), Jorginho (Psol) e Cristiano Rodrigues (PV) não constavam entre os concorrentes, o que pode mudar o cenário em uma próxima pesquisa.

REGRA CLARA
O anúncio tucano faz referência ainda a supostas ameaças de “penalização” feitas por parte de órgãos de comunicação - aos quais não deu nomes - fato que, no seu entender, contraria as práticas democráticas e sua disposição em debater dentro das regras que julga eficientes.

O jornalista Corrêa Neves Júnior, diretor-responsável do Comércio da Franca, disse que a organização do debate teve o cuidado de adotar um modelo - com perguntas sorteadas, rodízio entre perguntadores e questionamentos de jornalistas, justamente, para evitar ataques pessoais e a centralização em um único assunto. “Não acho válida a justificativa apresentada pela coligação. Foi uma aposta arriscadíssima do prefeito. Debate significa confronto de idéias entre oponentes. São pessoas discutindo idéias com pontos de vista diferentes. É claro e evidente que o objetivo dos candidatos é eleitoreiro, afinal, estão disputando uma eleição e a razão é vencer”.

Marcos Brambilla, editor-chefe da TV Record Franca, lamentou a postura adotada pelo prefeito Sidnei Rocha. “Seria um momento para expor o que fez e apresentar seu plano de governo para os próximos quatro anos. O modelo de debate é o tradicional, em que candidatos perguntam para candidatos. Não tem o que o prefeito reclamar neste sentido. Ele tem o direito de não participar mas, democraticamente, não é saudável. Seria ótimo para a cidade se todos estivem presentes”.

De acordo com as regras estabelecidas pelo Grupo Corrêa Neves de Comunicação, o espaço reservado ao candidato que faltar permanecerá vazio e sua ausência será citada pelo mediador. Além disso, a pergunta que ele responderia será feita e ficará sem resposta. O tempo excedente ao final de cada bloco será dividido igualmente nas considerações finais.