PÁGINA DA CAMPANHA

TITO FLÁVIO: IDÉIAS CLARAS E POSIÇÕES FIRMES NA SABATINA

COMÉRCIO DA FRANCA (17/9/2008)
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O candidato a prefeito pelo PCB, Tito Flávio, foi sabatinado ontem pela Rádio Difusora e respondeu a todas as perguntas com firmeza. Tranqüilo, emitiu opiniões claras, bem definidas e mostrou o que pensa. O eleitor pode não concordar com suas afirmações, mas sabe exatamente em que o comunista acredita. Tito voltou a defender sua grande bandeira, que é a municipalização do transporte, uma maior abertura popular na administração da cidade e a retomada da gestão plena da Saúde. Fez um apelo aos eleitores para prorrogar a campanha eleitoral e levar a decisão para o segundo turno. “Vamos dar mais 20 dias para a gente refletir melhor; 20 dias não vão fazer tanta diferença, agora, como vão poder fazer quatro anos. É a possibilidade da cidade ter dois turnos. No primeiro, você pode votar naquele projeto que tem identidade”.
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A falta de estrutura do PCB ficou evidente na chegada do candidato ao Auditório “Jornalista Corrêa Neves”, de onde o programa é transmitido. Tinha apenas a companhia de um solitário assessor. Foi o próprio Tito quem instalou a aparelhagem particular para gravar sua participação. Quando os microfones foram abertos, o professor universitário fundamentou as respostas e defendeu seus princípios. Ao ser questionado porque deixou o PT, em 2007, fugiu das justificativas comuns dadas por companheiros de debandada.
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“Alguns apontam traições ou mudanças de posição. A minha saída não vai muito neste sentido. Foi uma releitura que fiz da tradição e do papel do PT na história e dos limites, até, desta posição. Considero o PT um partido de centro esquerda, próximo à social democracia. As necessidades da sociedade que precisa do Poder Público vão muito além de meras garantias de uma certa seguridade social”.
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Ex-diretor do partido durante os oito anos em que o PT administrou a cidade, Tito Flávio diz ter entrado em choque por diversas vezes com os companheiros. “A gente costuma dizer que não era um governo do PT. Era um governo de um setor do PT. Outros setores não eram ouvidos. Tentava reorientar onde acreditava que estava errado e que poderia melhorar. Infelizmente, não fomos ouvidos. Isto gerou um desgaste muito grande”.
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O candidato defendeu os valores comunistas, como o controle dos meios de produção por parte do Estado. “Sem dúvida. Defendo uma concepção em que o Estado tem que ser forte. Empresas públicas não são, por natureza, ineficientes ou corruptas. Costuma-se dizer que um Estado grande, que cumpra suas funções constitucionais, é moroso. Não é. Para todo político corrupto, existe um ente corruptor”.
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Tito Flávio também marcou posição ao defender a atuação do Poder Público no incentivo da autogestão (quando os funcionários assumem o controle da empresa em que trabalham e passam a administrá-la) para evitar falências. “Defendemos que a Prefeitura seja intermediadora e vá de encontro aos trabalhadores. Que os ajude a se organizarem e dê a opção: se (o proprietário) não está dando conta, vamos ver se o trabalhador quer assumir a empresa”.
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TARIFA ZERO
Candidato com a proposta mais ousada, Tito Flávio voltou a defender na sabatina sua principal bandeira de campanha: a municipalização do transporte público, batizada de tarifa zero. “Muitos consideram o projeto radical e comunista, mas fiquei muito surpreso ao saber que o candidato a prefeito em São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), começou a fazer a defesa da tarifa zero. Não é meramente uma questão ideológica. O projeto tem várias facetas, como distribuição de renda e o modelo de cidadania e o tipo de cidade que a gente quer”.
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Tito disse que a redução no preço das passagens seria gradual e a economia possibilitaria uma maior injeção de dinheiro na economia do município. Segundo suas estimativas, a Prefeitura deveria gastar de R$ 35 milhões a R$ 40 milhões anuais - quase o dobro dos recursos disponíveis para investimentos no orçamento da cidade atualmente - para bancar o serviço.
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Por mais que se esforçou, não foi convincente ao falar da viabilidade de conseguir dinheiro para pagar a conta. “Aquecendo a economia, aumentaria a arrecadação de impostos do município. Seria necessário fazer uma reforma tributária que não onere a classe média. Também poderíamos buscar subsídios federais”.
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Foto: "O candidato do Partido Comunista Brasileiro, Tito Flávio, responde às perguntas dos jornalistas durante a sabatina da Rádio Difusora na manhã de ontem" (Fred Casagrande/Comércio da Franca).